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O tétano é causado pela ferrugem?

18 Jul 2023 - 10:45
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O tétano é causado pela ferrugem?

Pela gravidade da doença, a vacina contra o tétano é uma das várias incluídas no Plano Nacional de Vacinação. Aliás, quando alguém faz uma ferida, é recomendado perguntar-se à vítima se tem a vacina do tétano em dia. Comum também é pensar-se que o tétano é causado pela ferrugem. Mas será mesmo assim?

É verdade que o tétano é causado pela ferrugem?

Em declarações ao Viral, Dora Franco, enfermeira especialista na consulta multidisciplinar de estudo e tratamentos de feridas na unidade de investigação em enfermagem do IPO de Lisboa e membro da Ordem dos Enfermeiros, adianta que o tétano não é causado pela ferrugem em si.

O tétano, explica, “é uma infeção causada pela toxina do bacilo tetânico – clostridium tetani -, que entra no organismo pelas feridas e pode causar lesões neurológicas graves”.

Por isso, acrescenta a enfermeira, “a crença de que o tétano só pode ser transmitido por [contacto com] ferros e material oxidado é falsa”.

No mesmo sentido, num texto informativo publicado no site dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (CDC, na sigla inglesa), esclarece-se que “os esporos da bactéria do tétano estão por todo o lado no ambiente, incluindo o solo, o pó e o estrume” (ver também aqui, aqui e aqui).

Na ausência ou atraso da vacinação contra o tétano, esses esporos se “transformam em bactérias quando entram no corpo”, e ocorre a infeção.

Estas bactérias “são mais suscetíveis de infetar determinadas rupturas na pele”, tais como “feridas contaminadas com sujidade, fezes ou saliva” e “feridas de punção (ou seja, causadas por um objeto, como um prego ou uma agulha, que rompe a pele)”, anota-se no mesmo texto.

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Também é provável contrair tétano através de “queimaduras”, “ferimentos por esmagamento” ou “lesões com tecido morto”, escreve-se.

Além disso, refere-se, a bactéria do tétano também pode infetar uma pessoa através de ruturas na pele causadas por “feridas superficiais limpas (quando apenas a camada mais superficial da pele é raspada)”, “procedimentos cirúrgicos”, “picadas de insetos”, “infeções dentárias”, “fraturas compostas (um osso partido exposto)”, e “feridas e infeções crónicas”.

Para mais, “o consumo de drogas intravenosas” e “injeções intramusculares (administradas num músculo)” também podem ser fatores de risco.

Qual a importância de tomar a vacina contra o tétano?

Segundo um texto publicado no site da Direção-Geral da Saúde (DGS), a vacinação contra o tétano “é a forma mais efetiva de prevenir a doença (cerca de 99% das pessoas desenvolve anticorpos protetores após a primovacinação)”.

No entanto, “nem a doença, nem a vacinação conferem imunidade duradoura”.

Por isso, aponta-se, “são necessários reforços da vacina durante toda a vida”, de forma a “reduzir a incidência e mortalidade da doença, mantendo-a controlada”.

Assim, refere-se num texto do Sistema Nacional de Saúde (SNS), “o Programa Nacional de Vacinação inclui uma vacina que deve ser administrada aos 2, 4, 6, 18 meses e 5, 10, 25, 45, 65 anos, e depois de 10 em 10 anos”. 

Destaca-se ainda que “as grávidas devem fazer a vacina em cada gravidez”.

Quão grave pode ser uma infeção por tétano?

O CDC explica que o período de incubação da doença “situa-se normalmente entre 3 e 21 dias (média de 8 dias)”. No entanto, “pode variar entre 1 dia e vários meses, consoante o tipo de ferida”. 

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Segundo o mesmo texto, “a maioria dos casos ocorre no prazo de 14 dias”, sendo que, “em geral, os médicos observam períodos de incubação mais curtos com feridas mais contaminadas” e “doença mais grave”.

Os sintomas comuns numa infeção por tétano são: “cãibras no maxilar”, “espasmos musculares súbitos e involuntários”, “rigidez muscular dolorosa em todo o corpo”, “dificuldade em engolir”, “convulsões”, “dores de cabeça”, “febre”, “suores” e “alterações da tensão arterial e do ritmo cardíaco”, indica-se.

Além disso, esta é uma condição clínica que pode desencadear problemas de saúde graves, tais como: “laringoespasmo”, “fraturas”, “embolia pulmonar”, “pneumonia por aspiração” e “dificuldade respiratória”

Em último caso, o tétano pode mesmo levar à morte, sendo que “1 a 2 em cada 10 casos são fatais”, refere-se no texto.

Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tétano uma emergência médica que requer “cuidados no hospital”.

O tratamento passa pela administração imediata de “um medicamento chamado imunoglobulina humana contra o tétano”, “fármacos para controlar os espasmos musculares” e “antibióticos”, esclarece-se.

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Além disso, é feito um “tratamento intensivo das feridas” e a “vacinação contra o tétano”.

Salienta-se, ainda, que “as pessoas que recuperam do tétano não têm imunidade natural e podem ser infetadas novamente, pelo que precisam de ser imunizadas”.

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18 Jul 2023 - 10:45

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